Neste dia 7 de dezembro, é comemorado o Dia Nacional da Silvicultura, que trata do cultivo, manejo e conservação de florestas e áreas arborizadas, abrangendo ainda a produção de madeira, celulose, papel e borracha natural, entre outros. O estado de São Paulo destaca-se nacionalmente na produção e exportação dos produtos florestais. Em 2024, foi o terceiro grupo mais exportado do agronegócio paulista, ficando somente atrás do complexo sucroalcooleiro e do setor de carnes.
Os dados são da balança comercial do setor elaborada por pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta) e da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), ambos vinculados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. No ano passado, as exportações de produtos florestais atingiram a marca de US$ 3,14 bilhões, com participações de 54,9% de celulose e 37,4% de papel.
Na pauta de exportações paulistas, o grupo dos produtos florestais teve 10,2% de participação em 2024. Houve aumento em valores (+16,3%) e estabilidade na quantidade embarcada em relação a igual período do ano anterior. As exportações dos produtos de celulose, principal item do grupo, apresentou aumento em valores (+25,0%) e queda nos embarques (-4,1%). Já o papel obteve variações positivas para os valores (+5,9%) e volume (+12,4%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (35,1%), seguida de União Europeia (15,2%), Estados Unidos (9,5%), Peru (4,8%), Argentina (4,7%), Colômbia (3,8%) e Chile (3,6%). Outros países somam 23,3% de participação.
Os números reforçam que a silvicultura tem uma importância socioeconômica muito expressiva no estado, tanto do ponto de vista industrial, social e de sustentabilidade. A pesquisadora científica do IEA Marli Mascarenhas ressalta a forte contribuição ambiental do segmento. “É um setor certificado, até internacionalmente, no caso das florestas de eucaliptos plantados. Além disso também contribui para o sequestro de carbono e a conservação de áreas nativas. A seringueira, por exemplo, pode ser integrada em áreas de proteção florestal, utilizando até 40% dessa área com essas árvores”, destaca.

Os avanços em proteção ambiental unem-se ainda à produtividade no campo. A integração da silvicultura com outras atividades agropecuárias é tema de um projeto em andamento pela Apta Regional (em parceria público-privada com a CQVEST) que avalia sistemas silvipastoris no desempenho de novilhas da raça Nelore. A pesquisa levantará dados científicos sobre o papel da sombra de árvores como teca e eucalipto no ganho de peso e na diminuição do estresse dos animais. As pesagens iniciais já mostraram um ganho de peso de 10% nos dois sistemas sombreados.
Estado de SP é maior produtor nacional de borracha
Um dos produtos da silvicultura paulista que se destaca no cenário nacional é a borracha natural, cuja matéria-prima é o látex. O estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de látex, amplamente utilizado na fabricação de uma diversidade de produtos, como solado de tênis, pneu de avião, prótese, preservativo e chupeta, por exemplo.
Segundo levantamento de Previsões e Estimativas de Safra do Estado, elaborado pelo IEA, a safra paulista 2024/25 da seringueira registrou produção total de 266,2 mil toneladas de coágulo de látex, volume 8,6% superior ao obtido na safra de 2023/24 e rendimento médio de 2.375 kg/ha. A área total com os seringais expandiu-se 3,1%, totalizando 123,7 mil hectares. Na heveicultura, concentram-se as maiores produções nas regiões norte e noroeste do estado, tendo como as principais regionais São José do Rio Preto (31%), General Salgado (15,1%) e Votuporanga (13%).
Apesar de ter origem amazônica, atualmente cerca de 60% da borracha natural brasileira sai dos seringais de SP. Isso se deve em grande parte ao trabalho de pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC-Apta). Desde 1952, o órgão desenvolve pesquisas na área, com clones adaptados às diversas regiões do estado. No total foram disponibilizados 37 clones mais produtivos e precoces, sendo 6 introduções e 31 cultivares IAC, Entre esses cultivares IAC, há clones que permitem o início da sangria (retirada da borracha) a partir de cinco anos do plantio.
A pesquisadora Lígia Regina Lima Gouvêa, integrante da equipe do IAC, observa que o ciclo de melhoramento genético utilizado pelo Instituto possui diferentes etapas de avaliação e seleção. O período que compreende desde o processo inicial de cruzamentos até a recomendação final de um clone pode levar de 25 a 30 anos. “Atualmente, além dos cultivares registrados, há diferentes etapas de avaliação em andamento. No ano passado foi instalado um experimento de progênies no Centro de Seringueira em Votuporanga e está prevista a instalação de mais dois experimentos referentes a outras etapas do ciclo de avaliação e seleção, além dos experimentos que já estão em andamento”, finaliza.
Sobre a Apta
A Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta) é o órgão responsável por coordenar as atividades de pesquisa científica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Em sua estrutura estão presentes sete Instituições de Ciência e Tecnologia, com unidades distribuídas por todas as regiões do estado: Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Instituto de Zootecnia (IZ) e Apta Regional.






