
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Centro de Controle de Zoonoses, realiza ação de orientação e educação sobre acidentes com escorpião na região do bairro Piracicamirim. A medida acontece a pedido da população daquela região que fez contato via SIP 156, solicitando o serviço. Durante a atividade, cerca de 500 casas foram visitadas, com 233 imóveis vistoriados e 27 recusas da visita dos agentes do departamento de Sinatrópicos da Prefeitura. Ainda nesta semana, as equipes estarão no bairro São Dimas.

Conforme explica Carina Baron, gerente da Cevisa (Centro de Vigilância em Saúde), as ações aconteceram nas ruas Rio Grande do Norte, Território do Acre, Equador, Argentina, Bolívia e Uruguai. “Estamos fazendo as visitas e dando os devidos esclarecimentos a todos para evitar acidentes com escorpiões. Aliado a estas visitas, nossa equipe de orientação pedagógica realiza nos próximos dias palestras com foco em crianças e adolescentes a serem proferidas nas escolas públicas e na unidade de saúde daquela região”, afirmou.

A pensionista de 73 anos Elisa Penteado de Souza Bettoni recebeu a equipe do CCZ em sua casa na última quinta-feira, 12, e agradeceu as orientações. “Todo dia a gente aprende uma coisa nova. Eu não sabia que os escorpiões podiam subir nas paredes e se esconder nas cortinas, por exemplo. Além disso, com a ajuda dos fiscais notei que preciso reforçar ainda mais os cuidados com os ralos de casa para evitar acidentes com escorpiões”, declarou.
De acordo com a Vigilância Epidemiológica Municipal, neste ano, em dados provisórios de 01/01 a 15/06, foram 626 acidentes com escorpiões, sem óbito; em dados consolidados, no ano passado, foram 1.240 acidentes com escorpiões sem morte; em 2023, foram 1.458 acidentes, e um óbito.
A Secretaria de Saúde reforça que em Piracicaba, nos casos de acidentes com escorpiões, a pessoa – principalmente criança menor de 10 anos – deve ser levada à UPA Vila Cristina, que fica à rua Dona Anésia, 950, bairro Jaraguá; ou no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba que fica à avenida Independência, 953, no Bairro Alto.
ENDEMIA – Conforme explica a bióloga e responsável pelo setor de sinantrópicos do CCZ, Regina Lex Engel, Piracicaba é, naturalmente, endêmica para ocorrência natural de escorpiões devido a sua geografia, condições hidrográficas, geológicas, climáticas e ambientais. “Os escorpiões se adaptaram a utilizar a rede de esgoto como ambiente ideal para viver. Ali há fartura de alimento (baratas e outras pragas), condições ideais de umidade e temperatura e onde não há predadores para eles. Assim, vivem perfeitamente nesses locais, onde se abrigam, se reproduzem, se locomovem, e por onde têm acesso ao interior dos imóveis através dos ralos e sistemas de esgoto da cidade”, explica.

A Secretaria de Saúde reforça que todo trabalho do CCZ com relação aos escorpiões é feito baseado nos protocolos do Instituto Butantan (SP), que preconizam a prevenção, por meio do controle físico do ambiente. Dessa maneira, a orientação é que quintais, jardins, terrenos e áreas verdes ou áreas naturais de ocorrência de animais peçonhentos devem ser mantidos constantemente limpos, sem mato alto, lixo ou entulho, já que os escorpiões se abrigam nessas vegetações ou materiais, podendo invadir as residências próximas, ocasionando acidentes.
A bióloga do CCZ lembra que, além da prevenção externa, é preciso se atentar aos cuidados dentro da residência, mantendo bem fechados todos os ralos internos e externos ao imóvel, com grelhas do tipo abre/fecha ou telas de nylon sob as grelhas de escoamento de água de chuva; deve-se vedar as soleiras das portas; conservar o quintal, jardim, despensas, garagens e porões sempre limpos, com mato sempre cortado, evitando acumular materiais nesses locais.
“Também é importante manter o material de construção, madeiras e garrafas empilhados longe do chão, da parede e do teto, e em local bem arejado, promovendo sempre a mudança de local desses materiais; fechar todas as frestas existentes nas paredes ou pisos da residência. Além disso, é importante sacudir roupas, toalhas e calçados antes de usar, não deixar camas e berços encostados na parede”, enfatiza Regina.
CONTROLE – Os aracnídeos, em geral, são muito resistentes aos produtos químicos, mas os escorpiões, em especial, possuem mecanismos quimiorreceptores que captam moléculas no ambiente. Assim, o uso de inseticida, além de não conseguir fazer um controle da população desses animais em um ambiente, promove o desalojamento de seus abrigos, fazendo com que eles procurem locais fora dele, favorecendo a maior ocorrência de acidentes ou agravos com pessoas ou animais.
É importante lembrar que a Prefeitura mantém o trabalho de desinsetização para controle de baratas nos bueiros das ruas e avenidas do município, sendo um meio eficaz para o controle de escorpiões, pois elimina a principal fonte de alimento desses animais no ambiente urbano. “As ações educativas também são constantes com a realização de palestras a respeito da biologia e controle de escorpiões em escolas públicas municipais e estaduais, além das particulares do município, bem como em empresas e demais instituições que nos solicitam”, informa Regina.
Além disso, o CCZ realiza semanalmente a captura de escorpiões em cemitérios da cidade para controle populacional e mitigar a ocorrência de acidentes. Todos os escorpiões capturados são enviados ao Instituto Butantan-SP para coleta de veneno e posterior produção de soro antiescopiônico.
Outras informações e orientações sobre prevenção, educação e orientação sobre animais peçonhentos deve acontecer pelo SIP 156 e, caso seja necessário, equipe do CCZ agendará uma visita ao local. O CCZ também pode ser acionado por meio do telefone (19) 3427-2400.