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11/01/2025

Chegada do verão acende o alerta para acidentes com lagartas

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Dos 26.941 acidentes com lagartas registrados no Brasil entre 2019 e 2023, 20% envolveram crianças de até 9 anos, segundo Boletim Epidemiológico divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde. Os casos foram mais frequentes durante os meses de verão – exceto no Nordeste, quando o pico de incidência foi em maio. A hipótese é que o período de calor favorece o contato com o animal, uma vez que as crianças tendem a passar mais tempo ao ar livre devido às férias escolares, e é nesta mesma época que aumenta a população dos insetos em estágio larval.

“É importante reforçar a atenção durante o período, principalmente em relação às lagartas Lonomias. Elas costumam viver aglomeradas nas árvores e a coloração se confunde com o tronco, o que dificulta a visualização”, aponta a diretora de produção de soros do Instituto Butantan, Fan Hui Wen.

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Capaz de causar acidentes mais graves e até provocar a morte, esse gênero de lagarta foi responsável por mais de 4 mil acidentes no intervalo analisado pelo boletim – para efeito comparativo, 6.636 acidentes com Lonomias foram registrados entre 2007 e 2018. Dados detalhados do sistema DataSUS mostram que o Sudeste é a região com maior notificação de casos (2.110), com o Nordeste (746) e o Sul (733) figurando na sequência. Entre os estados, no topo da lista está Minas Gerais (1.199), seguido de São Paulo (818), Santa Catarina (342) e Rio Grande do Sul (329).

O Instituto Butantan é o único produtor do soro antilonômico no mundo. Fotos: José Felipe Batista e André Ricoy/Instituto Butantan

Quando analisada a necessidade de tratamento com soro antilonômico – único produto capaz de neutralizar os efeitos moderados e graves desencadeados pela toxina da Lonomia –, os números do Ministério da Saúde mostram que os acidentes mais relevantes concentram-se no Sul: das 733 notificações feitas na região, 134 demandaram o uso do antiveneno, sendo 71 apenas no estado de Santa Catarina. Já no Sudeste, onde, teoricamente, há uma maior concentração de acidentes, apenas 79 casos demandaram soroterapia.

“Essa desproporção entre o número de acidentes e um baixo uso do antiveneno mostra que, provavelmente, está ocorrendo uma confusão no momento da identificação do animal, e acidentes provocados por lagartas diferentes estão sendo notificados como sendo por Lonomias. Isso se justifica porque há várias outras lagartas com características semelhantes, mas que não provocam os efeitos que tornam o soro antilonômico necessário”, observa Fan Hui Wen. 

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Disponível gratuitamente em todo o território brasileiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996, o chamado soro antilonômico foi desenvolvido de forma pioneira pelo Butantan, que segue sendo o único produtor mundial do antiveneno. 

Características e desfecho dos acidentes

Em 70% dos casos de erucismo – nome dado ao quadro clínico provocado pelo contato da pele com as cerdas das lagartas –, as regiões das mãos e dos braços são as mais atingidas. Sintomas como dor em queimação, às vezes intensa, vermelhidão e inchaço local podem aparecer. Na maioria das vezes, porém, o desfecho é positivo e não envolve o agravamento do quadro de saúde. 

Entretanto, a rapidez no atendimento médico pode fazer toda a diferença. Para se ter uma ideia, a taxa de letalidade de um acidente com lagarta salta de 0,02 na primeira hora – considerando o tempo entre o contato com o animal e o atendimento médico – para 0,34 quando o intervalo supera as 24 horas. Dos 12 óbitos sinalizados entre 2019 e 2023, quatro superaram essa marca de tempo. Além disso, a maioria envolveu pessoas do sexo masculino acima dos 50 anos e que estavam em áreas rurais. 

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Três mortes foram provocadas especificamente por contato com Lonomia, mas equívocos no preenchimento do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) podem ter levado à subnotificação. Em casos mais sérios, o veneno presente nas cerdas da lagarta provoca alteração na coagulação e hemorragia grave, caracterizada principalmente pelo surgimento de manchas roxas em diferentes partes do corpo. Pode ainda causar lesão nos rins, incluindo tratamento com hemodiálise.

Identificação e tratamento

As lagartas com potencial para causar acidentes são o estágio larval de um grupo chamado de lepidópteros e dividem-se em duas grandes famílias: a Megalopygedae, que engloba as famosas “cabeludas”, geralmente de hábito solitário; e a Saturniidae, que compreende as chamadas “espinhudas”, como as Lonomias.

De hábito gregário, as lagartas “espinhudas” de interesse médico apresentam coloração marrom esverdeada, listras longitudinais castanho escuras, padrões brancos em forma de U distribuídos por todo o corpo e espinhos verdes claros que lembram pequenos pinheiros. Apesar de serem mais comuns na região Sul, podem aparecer em qualquer parte do país, principalmente em ambientes úmidos, próximos à mata nativa. 

Em caso de contato com qualquer tipo de lagarta, a recomendação é lavar o local com água corrente e sabão neutro, e realizar compressas de gelo para amenizar a dor. Se for possível, tire uma foto do animal e siga imediatamente para a unidade de saúde mais próxima para uma correta identificação e a consolidação dos protocolos de diagnóstico e tratamento. 



Informações GOV.SP

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