A cada mês, quase 700 novos pedidos de cirurgias eletivas entram na fila da saúde pública de Limeira. São histórias de dor, ansiedade e espera interminável que raramente ganham voz fora das friezas dos relatórios oficiais. Hoje, 3.568 pessoas aguardam por uma cirurgia. Enquanto isso, outras 12.785 enfrentam uma angústia silenciosa na fila dos exames de imagem, com mais de 7.700 novas solicitações mensais. A espera? Até quatro meses por uma cirurgia, dois meses por um simples exame.
A Prefeitura promete estratégias, adesões a programas e participação em mutirões – mas na ponta, a dor do cidadão é uma ferida aberta. As filas, longe de diminuir, parecem crescer mês após mês. A cada número, há um rosto, uma família, uma urgência, um direito constitucional ameaçado.
Em meio a medidas anunciadas, como a adesão ao Mutirão de Cirurgias Eletivas e à Tabela SUS Paulista, persistem problemas crônicos: lotação em hospitais, sobrecarga nos plantões, falta de profissionais e relatos de óbitos em plantões exaustivos. No Hospital Humanitária, por exemplo, uma rotina de emergência lotada e leitos comprometidos foi palco, recentemente, de um triste falecimento após múltiplas paradas cardíacas. O relatório oficial esclarece procedimentos e números, mas não apaga a tragédia vivida por quem está do outro lado do balcão.
Mesmo com as tentativas de ampliar contratos e aderir a programas como o “Mais Acesso a Especialistas”, a população segue refém de um sistema que demora a responder às suas necessidades mais básicas. As reuniões marcadas entre vereadores, Prefeitura e diretores de hospitais – agendadas como “ações de fiscalização” – pouco têm significado prático enquanto mães, pais, filhos e avós seguem esperando por procedimentos que deveriam ser um direito, não um privilégio.
A Comissão de Saúde da Câmara, composta pelos vereadores Dr. Marcelo Rossi, Zé da Farmácia e Elias Barbosa, promete cobrar respostas. Mas até quando as soluções ficarão apenas nos papéis, ofícios e promessas? Até quando vidas seguirão sendo colocadas em risco pela morosidade e pela burocracia?
A saúde pública pede socorro. Chegou a hora de transformar números em prioridade real e ações efetivas. O drama das filas não pode mais ser tratado como rotina administrativa: é preciso coragem política, gestão de verdade e respeito ao cidadão. A população espera – e espera demais. Que não seja tarde demais quando a resposta chegar.
