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Homem preto fica 10 dias preso por erro de reconhecimento facial

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No início de 2019, o departamento de polícia de New Jersey recebeu um chamado para atender um caso de furto em um dos hotéis da rede Hampton by Hilton. Apesar de o suspeito ter fugido do local, dispositivos de reconhecimento facial auxiliaram em sua identificação; então, a entidade expediu um mandado de prisão contra Nijeer Parks, que passou 10 dias na cadeia. O problema? Parks não era o criminoso em questão, e a cor de sua pele pode ter influenciado no caso: ele é um homem preto.

Em entrevista à NJ Advance Media, Nijeer explicou que, quando ficou sabendo da acusação, por não ter carteira de habilitação, pediu a seu primo para levá-lo à delegacia com o objetivo de limpar o seu nome: “Não tinha ideia do que estava acontecendo. Nunca havia ido a Woodbridge [cidade em que o fato ocorreu]. Nem sabia ao certo onde era.” Ao chegar ao local, foi algemado e passou pela experiência nada agradável.

“Tenho antecedentes, mas permaneço em casa desde 2016 e não me envolvi em problema algum desde então. Tudo isso me assustou muito, até porque estou tentando levar minha vida de maneira correta”, complementou.

Punição cruel e incomum

Depois de lutar contra as acusações, Nijeer Parks conseguiu esclarecer os fatos e foi liberado, mas seu advogado alega que tanto a polícia quanto os procuradores envolvidos no caso utilizaram como única evidência dados de reconhecimento facial. Por isso, o representante está movendo um processo contra o departamento por uso de força excessiva, cárcere privado e punição cruel e incomum, buscando indenização por sofrimento físico e emocional.

Este, infelizmente, não é um fato isolado. Robert Julian-Borchak Williams, em junho deste ano, foi preso em Detroit, acusado de roubar cinco relógios que custavam US$ 3,8 mil em uma loja Shinola em outubro de 2018.

Ao Times, Williams disse que foi levado a uma sala de interrogatório, onde foram mostradas imagens do ladrão em uma rede CCTV. As imagens claramente não eram dele. Depois que segurou a foto perto do próprio rosto, um dos detetives disse: “Acho que o computador errou.”

Especialistas alertam sobre o viés racial de tecnologias do tipo, que podem ser menos precisas ao analisarem tons de pele que não sejam brancos. Por isso, em janeiro de 2020, Gurbir Grewal, procurador-geral de New Jersey, havia declarado que autoridades de lá não deveriam mais utilizar recursos semelhantes. A ordem, obviamente, não foi cumprida.

Fontes

Business Insider

NJ Advance Media